Walberto Souza | Hidrocele: O saquinho do meu filho está mais inchado que o normal?
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Hidrocele: O saquinho do meu filho está mais inchado que o normal?

Hidrocele: O saquinho do meu filho está mais inchado que o normal?

 

Hidrocele

Durante a gestação, existe uma comunicação da cavidade abdominal com a bolsa testicular nos meninos e com os grandes lábios vaginais nas meninas. Essa comunicação se dá por uma projeção do peritônio (tecido que reveste a cavidade abdominal) chamada conduto peritônio-vaginal ou CPV, através do qual o testículo desce à bolsa testicular até a 35semana de gestação nos meninos. Até o 9o mês, o CPV deve se fechar.. Algumas crianças apresentam falha nesse processo de fechamento, gerando hérnia inguinal, hidrocele ou mais raramente cisto de cordão.

E qual a diferença entre Hérnia inguinal e Hidrocele?

Sua origem é muito semelhante à da hérnia inguinal, porém a diferença básica é que ao invés de haver a persistência de um conduto largo com a cavidade abdominal, permitindo a descida de alças de intestino ou órgãos intra-abdominais o conduto nas hidroceles é muito estreito, permitindo que haja passagem apenas de líquido da cavidade peritoneal para a bolsa testicular. É mais comum em neonatos prematuros e pode ser bilateral.

Classificação

Pode ser classificada em hidroceles comunicante, não comunicante ou cistos de cordão; classificação importante para se empregar a conduta adequada.

  1. A hidrocele não comunicante, ou seja, aquela no qual o CPV se fechou e não há mais comunicação com a cavidade abdominal, normalmente é autolimitada, apresentando uma incidência de menos de 1% após o primeiro ano de vida. Sendo assim, na maioria dos casos de hidrocele não comunicante (também chamada de isolada, encistada ou septada) não é necessário adotar uma conduta cirúrgica. Ela também pode ser encontrada em associação com traumas leves no escroto, torção testicular ou epididimite (inflamação do epidídimo).
  2. A hidrocele comunicante, na qual ainda há comunicação da cavidade abdominal e a bolsa testicular, varia de volume durante o dia, usualmente associada à atividade física, esforço ou mesmo pela própria força da gravidade. É muito comum o relato dos responsáveis de que ao acordar, a bolsa testicular encontra-se “murcha” e que o volume aumenta progressivamente no decorrer do dia, ou pelo fato da criança permanecer no braço dos pais ou na posição ereta caminhando e brincando.
  3. O fechamento proximal e distal do CPV, deixando liquido acumulado no canal inguinal, causa o chamado “Cisto de cordão espermático” em meninos e em meninas o chamado “Cisto de Nuck”. Visto não haver patência do CPV nesses casos, a conduta a ser seguida é semelhante à adotada nas hidroceles não comunicantes.

Quadro Clínico

O exame físico adequado é extremamente importante para a realização do diagnóstico dessa afecção. É realizada a transiluminação da bolsa testicular com uso de uma fonte de luz. Nos casos de hidrocele, será evidenciada a natureza líquida do conteúdo do escroto assim como o testículo “imerso” neste líquido. Não há obrigatoriedade de realização de nenhum exame complementar. Se houver qualquer dúvida sobre a presença de massa intraescrotal, a ultrassonografia é o exame que deverá ser realizado.    Não há evidência de danos ao testículo causados pela presença da hidrocele.

Tratamento

     Tanto nos casos de hidroceles comunicantes como nos casos de hidroceles não comunicantes onde não se observa diminuição do volume do líquido na bolsa testicular (após o 1º ano de vida), o tratamento cirúrgico deverá ser considerado, visto que a chance de que ocorra resolução espontânea é menor nesses casos.

     É importante que a criança com hidrocele seja avaliada por um Cirurgião Pediátrico para observar as particularidades e se estabelecer o tratamento mais adequado para cada faixa etária.